EMDR: Significado, História e Desmistificação
- Joana Lapa
- Nov 11, 2024
- 3 min read

O que é o EMDR?
O EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing/Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) é uma terapia que foi desenvolvida por volta de 1980 pela psicóloga Francine Shapiro.
Esta abordagem permite que a pessoa que a procure possa processar memórias perturbadores e reduzir sintomas para que, desta forma, possa continuar a viver a sua vida sem o impacto destas experiências do passado.
No EMDR são utilizadas estimulações bilaterais (oculares, táteis ou auditivas) e que parecem permitir que o cérebro possa processar as memórias de maneira mais adaptativa, diminuindo a ativação das emoções desconfortáveis e cognições desadaptativos associadas ao trauma experienciado.
A História do EMDR
O EMDR foi descoberto de forma espontânea em 1987. Francine Shapiro ao caminhar por um parque, observou que os pensamentos desconfortáveis que surgiam na sua mente, diminuiam à medida que os olhos se moviam rapidamente de um lado para o outro. Francine ficou muito surpreendida e decidiu experimentar em si e noutras pessoas, onde percebeu que os resultados eram promissores.
À medida que foi pesquisando e desenvolvendo esta técnica, ia perguntando às pessoas o que queria trabalhar e notou que elas traziam memórias, pensamentos e situações perturbadores de experiências do passado assim como experiências recentes.
Francine também percebeu que havia maior dificuldade das pessoas moverem os olhos sozinhas e por isso utilizou os dedos para que as pessoas os seguissem e os resultados observados foram melhores.
Após vários anos de pesquisa e desenvolvimento, o EMDR é utilizado no tratamento de uma panóplia de sintomas e experiências, como por exemplo: desenvolvimento de competências, stress pós-traumático, ansiedade, depressão, luto, fobias, entre outros...
Mitos sobre o EMDR
Apesar de o EMDR ser cientificamente comprovado e estar a ganhar mais adeptos ao longo dos anos, ainda existem mitos associados a esta terapia. Assim, é importante desmistificar algumas questões para que as pessoas estejam cada vez mais cientes e informadas sobre a terapia que escolhem.
“O EMDR vai apagar as memórias”: Não, o EMDR não apaga memórias, o EMDR promove a diminuição da carga emocional em relação a essa memória, mudando a forma como a memória fica armazenada no cérebro.
“O EMDR é rápido”: O EMDR é uma terapia eficaz, no entanto o processo terapêutico implica tempo, dedicação e responsabilização. Sendo que, o número de sessões vai variar de pessoa para pessoa.
“O EMDR é só para trauma”: Não, o EMDR também é utilizado no desenvolvimento de competências e em várias questões emoções, além de traumas.
“O EMDR é só mexer os olhos”: Não, no EMDR é muito importante a recolha da história clínica e da preparação da pessoa para o processamento das memórias.
Por forma a concluir, reitero que o EMDR é uma terapia eficaz, comprovada cientificamente que promove o bem-estar e a qualidade de vida da pessoa, reduzindo o seu sofrimento. É importante procurar um terapeuta com formação reconhecida na área.
“Mudar as memórias que formam a maneira como nos vemos também muda a forma como vemos os outros. Portanto, as nossas relações, o desempenho no trabalho, aquilo que estamos dispostos a fazer ou somos capazes de resistir, tudo se move numa direção positiva.”
― Francine Shapiro, Getting Past Your Past: Take Control of Your Life with Self-Help Techniques from EMDR Therapy
Rafaela Maia
Psicóloga, Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses
Cédula Profissional nr. 25378
Terapeuta EMDR, Associada nr. 327
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