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Terapia de Casal: Desmistificar a Idealização da Relação Perfeita

  • Writer: Joana Lapa
    Joana Lapa
  • Nov 11, 2024
  • 2 min read



A idealização do amor romântico tem raízes culturais profundas e destas raízes floresce a visão de que o amor para ser verdadeiro tem que ser livre de conflitos, um estado constante de paixão e sempre esmagador. E é esta visão amplamente divulgada, permeável ao processo de socialização a que fomos sujeitos que pode contribuir para o surgimento de focos disfuncionais sobre o que é um relacionamento saudável. 


A visão tradicional do amor romântico, com as suas raízes em narrativas de exclusividade emocional, segurança e complementaridade total, está em completo desacordo com as exigências contemporâneas que esperamos dos relacionamentos.


Mas a verdade é que somos todos resultado de um processo civilizacional que nos formata para seguirmos um determinado padrão, ordem e tipologia relacional e onde tudo o que fuja destes parâmetros é visto como estranho, preocupante ou até mesmo doentio.

Ainda assim a sociedade continua a dar-nos o bilhete para uma voltinha no carrossel relacional e esse bilhete vem com instruções bastante explícitas: primeiro existe um date, depois namoramos, depois casamos e depois temos filhos. Bem, e se olharmos para isto e pensarmos que não queremos isto para nós? Pelo menos não desta forma, não nesta ordem, não com esta rigidez que nos é imposta.


Na terapia de casal, um dos objectivos principais é ajudar os casais a desenvolver uma visão mais realista e equilibrada do que é um relacionamento, não perfeito, porque isso não existe, mas sim de um relacionamento saudável.


Ao desmistificar o ideal do relacionamento perfeito, a terapia de casal surge como promotora da ideia de que o crescimento individual e a manutenção de identidades independentes são essenciais. A verdade é que as relações exigem um certo grau de egoísmo, por mais áspero que isto possa parecer.


A Terapia de Casal ajuda a trazer clareza e flexibilidade ao formato relacional rigidificado que nos é imposto e vendido como sendo o ideal, enfatizando a importância de reavaliarmos o que esperamos da nossa pessoa parceira e de um relacionamento amoroso, tirando as ilusões a quem acha que o Amor é um estado constante de entusiasmo. 


Estar num relacionamento é uma escolha que exige dedicação, responsabilidade e “jogo de cintura” para saber conciliar intimidade e autonomia, necessidade de segurança e aventura, surpresa e previsibilidade, conforto e emoção, novidade e familiaridade.


A relação “perfeita” é aquela que o casal constrói à sua medida e não o que alguém, os livros ou os filmes disseram como deveria ser, é uma relação que se vai ajustando entre erros e acertos às necessidades de cada pessoa parceira e que permite que cada um possa ser autêntico, crie e mantenha o seu espaço pessoal, intelectual, emocional e sexual. Todas as relações amorosas são ciclos de ruptura e reparação, onde todos podemos amar melhor se tivermos na nossa mão a chave de todos os relacionamentos, isto é, onde tudo começa, numa comunicação honesta e profunda. Porque muito mais importante do que ter uma relação “perfeita”, é ter uma relação feliz.










 
 
 

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